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Dr. Roni Broder Cohen

Resultados de estudos em vários centros de pesquisa ao redor do mundo vem demonstrando, há 5 anos, que a Estimulação Magnética Transcraniana repetitiva (rTMS) de alta freqüência sobre o Córtex Prefrontal Dorsolateral Esquerdo (CPFDLE) apresenta resultados satisfatórios e significativos no tratamento de pacientes com Depressão Maior, mostrando eficácia semelhante às demais modalidades terapêuticas, com a vantagens de ter início de ação mais rápido e ótima tolerabilidade por ser praticamente isenta de efeitos colaterais. Pesquisas mais recentes têm demonstrado que a rTMS de baixa freqüência sobre o córtex prefrontal dorsolateral direito (CPFDLD) apresentam resultados igualmente satisfatórios na depressão, com a vantagem de possuir uma ampla margem de segurança derivada de 15 anos de uso da TMS lenta para fins diagnósticos 

Histórico

As primeiras demonstrações de que a aplicação da rTMS apresentava correlação clínica com a afetividade datam de 1987, em trabalhos conduzidos por Bickford et al., eles observaram que vários indivíduos normais, durante estudos de mapeamento cerebral, apresentavam elevação do humor após a estimulação magnética.
Höflich et al. (1993) aplicaram rTMS em dois pacientes com depressão e encontraram unicamente efeitos benéficos mínimos. Entretanto, o estudo foi conduzido aplicando a rTMS com uma freqüência de 0,3 Hz e situando a bobina centrada sobre o vértex, de modo que afetava ambos os hemisférios de forma simultânea.
Utilizando a mesma técnica de estimulação, Kolbinger et al. (1995) estudaram 15 pacientes com depressão maior distribuídos aleatoriamente em três grupos de 5 pacientes, encontrando uma melhoria sintomatológica no grupo de pacientes que receberam 250 pulsos de TMS numa intensidade abaixo do limiar motor, durante 5 dias consecutivos.
George et al. (1996) publicaram um estudo no qual descreviam resultados excelentes da aplicação da rTMS sobre o córtex prefrontal esquerdo em dois de seis pacientes com depressão resistente a tratamento farmacológico.
Pascual-Leone et al. (1996) publicaram o primeiro estudo aleatório, controlado por placebo, da aplicação da rTMS em indivíduos com depressão, em um grupo de 17 pacientes com Depressão Maior (subtipo psicótica), resistentes a tratamento (DSM-III-R). Observou-se uma melhora significativa evidenciável nas escalas de avaliação de Hamilton para depressão (HDRS) e no auto questionário de Beck (BQ) no grupo com rTMS aplicada sobre o Córtex Prefrontal Dorsolateral Esquerdo (CPFDLE) — área 46 e provavelmente área 9. Onze dos 17 pacientes mostraram uma marcada melhora que se prolongou pelo menos durante duas semanas. Nenhum paciente experimentou efeito adverso nem complicações relevantes derivadas do tratamento.
Num estudo subsequente desse pesquisador aplicou-se rTMS sobre o CPFDLE num grupo de 40 pacientes com Depressão Maior (DSM IV e SCID). Os pacientes receberam uma sessão diária de rTMS durante dez dias consecutivos. Na maioria dos casos os parâmetros empregados foram de 10 ou 20 Hz, a uma intensidade equivalente a 80-100% do limiar motor, num total de 1600 estímulos em cada sessão.
Observou-se uma melhora clínica com decréscimo na escalas de avaliação de Hamilton e Beck em quase 70% dos pacientes. Em alguns pacientes essa melhora prolongou-se por mais de 6 meses. Todos os pacientes toleraram o tratamento sem complicação.
George e cols. (1997) mostraram que a resposta clínica da rTMS sobre o córtex prefrontal esquerdo é acompanhada por um aumento no metabolismo cerebral observável mediante PET com 18FDG. No estudo de Pascual-Leone et al. (1996) encontrou-se que uma boa resposta ao tratamento da depressão com a rTMS parece estar associada com a normalização do metabolismo cerebral do córtex prefrontal esquerdo no SPECT e por um aumento global do fluxo sangüíneo cerebral. Deste modo, os dados disponíveis sugerem que o efeito antidepressivo da rTMS se baseia na normalização de áreas corticais com níveis de excitabilidade alterados.
Klein et al. (1998, 1999), num estudo controlado duplo cego, publicaram um dos primeiros trabalhos relatando a eficácia terapêutica da estimulação lenta (baixa freqüência) sobre o córtex pré-
frontal direito. Observou-se que em estudo randomizado de 71 pacientes com Depressão Maior durante 2 semanas de tratamento com placebo ou rTMS de baixa freqüência sobre o córtex prë-frontal direito  no grupo ativo, 41 % dos pacientes tratados com rTMS lenta tiveram pelo menos 50% de decréscimo na escala de Hamilton e apenas 17% do grupo placebo apresentaram tal resposta. Ressalta-se que a estimulação de baixa freqüência não está associada com o risco de crises convulsivas.
Nahas et al. (1998) e George et al. (1998)  sugerem que a rTMS a uma freqüência de 5Hz sobre o córtex prefrontal esquerdo pode ser tão efetiva quanto a estimulação rápida (20 Hz) na mesma área. Em duas semanas, 6 de 10 pacientes com rTMS a 5 Hz, 3 de 10 pacientes com rTMS rápida e 0 de 10 pacientes com placebo responderam ao tratamento ( > 50% de decréscimo no HRDS).
Comparando as duas modalidades de estimulação, Grunhaus et al. (2000) em estudo aberto, com grupo paralelo, estudaram 40 pacientes em tratamento com rTMS rápida ou ETC. Nos pacientes não psicóticos, em 4 semanas de tratamento diário com rTMS, a estimulação magnética mostrou ter eficácia equivalente à ECT. Nos pacientes responsivos a ambas modalidades, a intensidade de resposta clínica, mensurada através das escalas finais, mostrou-se similar em ambos grupos. A rTMS foi bem tolerada, apenas com descriçao de mínimos efeitos colaterais, tais como cefaléia transitória, sendo que a tolerância em indivíduos idosos foi similar a de pacientes jovens. Os dados deste estudo sugeriram também que a continuidade do tratamento com a rTMS por 4 semanas aumenta sua eficácia, porém, se a resposta inicial fosse pequena em 2 semanas, a continuidade por mais
tempo proveria um pequeno aumento na resposta final.
A magnetoestimuloterapia foi comparada à farmacoterapia por Conca et al. (1996) em ensaio clínico controlado em pacientes com Depressão Maior. No grupo 1 (n=12) os pacientes receberam rTMS em concomitância com o
uso de antidepressivos, enquanto que no grupo 2 (n=12) foram tratados apenas com antidepressivos. Logo após a 3ª sessão de TMS ocorreu remissão estatisticamente significativa dos sintomas depressivos em pacientes do grupo 1 (p=0,003). Esta diferença estatística significativa tornou-se mais evidente no último dia do estudo (p=0,001, Wilcoxon).
No primeiro estudo sobre mania aguda, Belmarker e Grisaru (1998) randomizaram 17 pacientes com rTMS rápida sobre a região prefrontal direita ou esquerda, em adição com os cuidados farmacológicos padrão. Durante o período de 2 semanas do estudo, o grupo com prefrontal direita apresentou um maior declínio dos sintomas maníacos, sugerindo que a lateralidade da rTMS rápida necessária para efeitos antimaníacos é o oposto da necessária para os efeitos antidepressivos.
Os estudos iniciais sugerem que a rTMS prefrontal confere efeitos antidepressivos ou antimaníacos, mostrando, assim, que a modulação focal da excitabilidade cortical tem propriedades terapêuticas. A TMS confere provas e informações sobre a anatomia e fisiologia dos sistemas nervosos envolvidos na aquisição dos efeitos terapêuticos.
Clinicamente
a TMS oferece uma alternativa para a ECT em depressões graves ou refratárias à farmacologia, particularmente porque seu perfil de efeitos colaterais é benigno. A estimulação repetitiva não envolve a administração de anestesia ou indução de convulsões e não tem seqüelas cognitivas. Dado a substancial demora de melhora sintomática com os antidepressivos, outro uso potencial da TMS pode ser como agente catalisador da resposta farmacológica.

 

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